23 de out. de 2012

Caminho e trilho de um coração em pétalas

Eu nunca quis ser assim,
Seja como for.
Eu sempre fiz de mim
Um escudo de ardor.


É pelo caminho de rosas
Que se encontram espinhos.
É pelo sentir da ferida
Que se busca carinho.


Os garfos de dó estavam bem pra lá..
Grita, chora, deixa sangrar
Guerreiros são guerreiros
E são feitos pra matar!
Guerreiros são guerreiros
E só querem é amar.

Estou no seu jarro em volta.

Borboleta também chora
Quando a rosa não se solta.
Silencia, olha, só brilhar
Esse dia nunca volta,
Mas posso plantar.

Participação dos dedos de luz de Estrela

6 de mai. de 2012

Quero sair

Como dizer que estou certo?
Certo por aqui não é o que se diz.
Certo não se mostra e nem se pede.
Quero fazer só o certo.
Pena, pois vivo no incerto.

Trabalho com gente,
Trabalho ouvindo,
Trabalho sem certo ou melhor.
Trabalho com aquela verdade.
Trabalho porque quero.

Vivo dentro da jaula.
Vivo livre da liberdade.
Vivo entre eu e outro.
Vivo sempre a certa distância de mim.
Vivo sem viver muito.

Daqui, me vejo viver.
Daqui, me vejo falar e não falar.
Daqui, vejo meu choro feliz.
Daqui, torço para cegar-me.
Daqui do espelho.

22 de mar. de 2012

Aqui do lado

Onde estou? Numa semente?
E quem mente? Será que não sente?
Eu era pequenino para ver
Já não posso mais me saber.

Em conjunto de colheres,
Não se metem os casais.
Seus timbrados não agradam
E carecem por de mais.

Frente ao pirata universo,
Com seu grande par de luas,
Mora a rosa desses ventos.
Mora a vida, de mãos nuas.

Aqui não se compra, não se vende.
Onde estou não se vê o que se sente.
Por aqui só sei onde estou.
Onde estou? Numa semente?

2 de set. de 2011

Aos desejos


Queria estar em meio aos sorrisos faltosos,
aos olhares sem direção...
Queria não estar aqui...
Queria que você estivesse aqui.

Mas de quê adianta mudar de lado?
Quando aqui, lá é o desejo perfeito, porém irreal.
Quando lá, aqui é tudo palpável e logo evapora.

O que se quer, só se tem pela lente.
Não toque as coisas com a pupíla.
Lágrimas se tornam ácido rapidamente.
O desejo se torna real só em sua mente.

Dois mundos em um

Me encontro numa sala cheia de pessoas, sendo ainda fluorescentemente bem iluminada. Uma vez tocados, doces e embalagens vazias ocupam o espaço para qual a gravidade lhes reservou. Alguns sapatos estão proporcionalmente inertes no movimento de seus calçadores. Outros descansam solitários e insistentemente parados em seu devido lugar.

Ao tempo que percebo esses detalhes, os mesmos se misturam à paisagem mutante e clara. Neste lapso ainda, a música também se perde da minha atenção. As pessoas se tornam puro movimento, sem identidade, nem consistência. Elas não desaceleram, mas percebo menos mudanças de estado corporal comparado ao restante que ali permanece como já era.

Quando finalmente me liberto dos olhares recíprocos e desnecessários, os quais me aprisionam no sorriso automático - mas não espontâneo, - olho ao meu lado, para o limite da sala. Este lado não se fazia limite, e sim aumentava a realidade. Ou a duplicava. Ou pelo menos tentava. Este lado, na verdade, não era este lado, mas o outro lado. Pena que, na verdade também, outro lado não havia. Pode se dizer que era este mesmo. Mas do outro lado.

Depois dessa fração de momento, parte in, parte finita, percebi o que causava tudo isso. Havia o que se vê, mas que serve para não ser visto, entre a interna paisagem clara e a noite externa que a continha lá por fora.
A luz se via apenas por onde havia falta dela. Os traços e limites internos se refaziam a cada momento incontável, tornando impossível enxergar seus movimentos.

Mas por favor, vamos voltar.

Deste outro lado, haviam pessoas, sapatos, balas. Havia tudo que havia aqui. Mas além disso havia também outra coisa. Ou pessoa. Ou não sei. Mas que havia, havia. Este conjunto, que era um, olhava. Não sabia ao certo para onde, nem o porquê. Mas enfim, não sei nem de mim, vá saber dele, vá saber de você.

Aquele que me olhava, adivinhe? Era eu. Sou eu. Será sempre mim. Através da verdade refletida na mentira, eu me via, como não me vejo por meus próprios olhos.

Eu, de tanto olhar, e olhar de volta, parecia estar ali, do lado que não se via, que não, de fato, havia e muito menos existia. Não sabia mais se eu estava na cópia real ou na mentira inicial. Só sabia o que eu queria. E eu queria a outra. Queria estar no reflexo de onde eu não me via.

10 de jul. de 2011

Armadura Mental

Havia uma árvore entre arbustos.
Por entre suas folhas via-se galhos.
De madeira seus galhos eram feitos.
Na madeira, nem vida nem morte,
Apenas o resto.

Veja só este nada, bem vazio.
Vê-se também o corpo que o cobre.
Se movimenta cegamente guiado.
Se nota ali ali e, com meu nome,
Este todo é nomeado.


Não lhe pedi amor nem zelo,
Não chorei por felicidade.
Pedi para não os oferecer.
Pois senão te ofereceria, de coração,
meu coração para cuidar.


Eu vivo para morrer num futuro.
Mesmo assim, não espero o dia esperado.
Haviam arbustos em volta da árvore,
E dos galhos saiam folhas.
Dentre a madeira e o verde, por hora, respiro.