30 de mai. de 2011

Pálpebras invisíveis

Ei Maria, poderia brilhar menos?
Gostaria de ver teus olhos.
Ei Maria, poderia abrí-los pra mim?
Gostaria de ver os teus olhos.

Por favor, olhe bem, mas bem pouco.
Olhos olhados pouco olham de volta.
Minhas meninas pouco fitam de volta.
Parecem até ver um pouco, mas bem pouco.

Minhas memórias são cegas, Maria.
Tanto evitam, pois não querem ser vistas.
Já dizia o cego invisível:
Quem não vê, não é visto...
Ou pelo menos não se vê sendo visto.

Pois então veja bem, meu velho aprendiz:
Você já tinha a cegueira que tem.
Só não perdeu os olhos que possuiu.
Pois então, meu velho aprendiz, veja bem.
Veja muito bem, agora, o que nunca viu.